Os desafios da inserção no campo de estágio em psicologia comunitária em tempos de pandemia
relato de experiência
Resumo
A rotina de vida das pessoas no Brasil foi alterada significativamente a partir de março de 2020, devido a pandemia por COVID-19. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o surto da doença causada pelo novo Coronavírus constitui-se em uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. Nesse cenário de uma doença altamente contagiosa, medidas de higienização, restrição de atividades e de distanciamento social foram implementadas em todo território nacional, objetivando evitar a disseminação do vírus. Espaços públicos foram fechados, atividades presenciais em escolas e universidades foram suspensas. O uso de máscaras e álcool gel tornou-se obrigatório para circulação em espaços públicos. Com várias medidas e reconfiguração do cotidiano, o estado de quarentena estava decretado no país. Nessa conjuntura, buscou-se refletir acerca da reinserção dos estagiários de psicologia comunitária no campo de práticas, tendo como desafio reformular a atuação diante das restrições impostas pela pandemia. O estágio de psicologia comunitária do Serviço Escola de Psicologia (SEP) do CESUCA desenvolve atividades em uma Comunidade que conta com escolas, unidade de saúde, centro de referência de assistência social e associações comunitárias. Nesse período, somente a unidade de saúde e o centro de referência encontram-se em funcionamento, realizando acolhimentos e atendimentos individuais. Dado o contexto, buscou-se através da reflexão nos espaços de supervisão e na revisão de literatura, estratégias de inserção dos estagiários no campo, tendo em vista as especificidades da psicologia comunitária. Foi preciso contextualizar o cenário, reavaliar demandas, repensar atividades, manejar a ansiedade, superar o medo de não efetivar a prática, além de lidar com a frustração inerente ao momento. A unidade de saúde e o centro de referência da assistência social foram os locais possíveis para inserção dos estagiários. Contudo, a condição de manter distanciamento social implicou em reformulação do contato existente entre estagiários e usuários para dar conta das dificuldades vividas pelos moradores da comunidade. As demandas existentes não deixaram de existir. Os determinantes sociais de saúde que envolvem a comunidade foram agravados e impactaram mais ainda na saúde mental destas pessoas. Tristeza, ansiedade, raiva, descontentamento, dificuldades financeiras, desemprego, são alguns dos fatores que afetaram direta, e indiretamente, as famílias. A partir do olhar da psicologia, pode-se trilhar o caminho da atenção, prevenção e melhoria da qualidade de vida das pessoas. Gradativamente, as estratégias foram se configurando em práticas acolhedoras e cuidadoras: disponibilidade para escuta, atendimentos individuais realizados através de visitas domiciliares ou horários marcados e atendimentos virtuais, com foco na escuta empática e na atenção sobre os cuidados contra a doença. Implementou-se um projeto de psicoeducação para população atendida pelo SEP, com conteúdos digitais a fim de promover informações a respeito de questões psicológicas e acompanhamento psicológico. Utilizou-se um aplicativo para crianças, que consistia em um jogo para criação de desenhos, gratuito e de livre acesso para comunidade. A apropriação do contexto sócio-histórico e cultural atual, inundado pela pandemia, convoca a psicologia enquanto ciência e profissão a revisitar seu papel e a buscar estratégias que possam sair do modelo tradicional e inovar nos seus modos de atuação.
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